Soft Power corporativo: Como conquistar o mercado sem ter faturamentos astronômicos

O conceito, que surgiu para discutir relações internacionais, aplica-se ao mundo dos negócios por meio de estratégias que solidificam a reputação das empresas

Quando o professor Joseph Nye, da universidade de Harvard, cunhou o termo “soft power”, nos anos 1980, referia-se principalmente à capacidade dos países de firmarem acordos e conquistarem parceiros sem necessariamente deterem um poder bélico ou econômico. O soft power, assim, é um poder que surge como fruto da boa reputação e do respeito adquirido. No mundo empresarial, o conceito ainda é pouco discutido, embora tenha potencial de repercussão. Segundo o escritor Uranio Bonoldi, especialista em negócios e tomada de decisão, é possível que uma empresa apoie-se no soft power para ganhar mercado, indo além dos seus dados de faturamento.
 
“É muito vantajoso que hoje as companhias se atentem à necessidade de crescer não só financeiramente, mas também em termos de reputação. A percepção pública sobre uma empresa pode abrir ou fechar muitas portas, ainda mais na sociedade atual que é muito preocupada com imagem e visibilidade. Quanto melhor a empresa for aos olhos de clientes, parceiros e fornecedores, mais oportunidades surgem, ainda que a empresa não tenha números superlativos”, analisa o escritor.
 
Autor de “Decisões de alto impacto: como decidir com mais consciência e segurança na carreira e nos negócios”, Uranio Bonoldi aponta que alguns caminhos podem levar à construção do soft power corporativo, a começar por ESG. “A atenção que se dá para a governança (“G”), por exemplo, pode balizar toda a reputação da empresa. Quando a companhia é vista como idônea, ética e transparente, as relações comerciais tendem a ser mais interessantes para os parceiros e clientes. Isso cresce ainda mais quando a boa governança se reflete em ações de impacto socioambiental positivo. Ao se construir a imagem de uma empresa sustentável e socialmente responsável, novas oportunidades de negócios surgem”, diz.
 
É importante ainda investir em comunicação, interna e externa, para que tanto colaboradores quanto clientes e parceiros saibam das ações positivas que a empresa está realizando. “No que diz respeito à reputação e imagem corporativa, não se pode simplesmente guardar o tesouro para si. Aquilo que há de bom na companhia deve ser compartilhado – com os devidos cuidados e princípios éticos – para que mais pessoas tenham conhecimento a respeito. Em tempos de redes sociais, ter uma boa gestão de mídias, publicidade e relações públicas pode alavancar o soft power de uma empresa”, pondera.
 
É necessário, contudo, reconhecer que a reputação sempre começa pelas boas práticas, e não pela publicidade. “A empresa não vai conquistar um soft power genuíno se não tiver seus valores éticos bem definidos. Esses valores devem ser percebidos desde a relação entre colaboradores até o desenvolvimento dos produtos e serviços oferecidos. A reputação não pode ser mera maquiagem, mas sim, um reflexo honesto da identidade e prática da companhia”, finaliza Uranio Bonoldi.

Fonte: Gazeta da Semana

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