PRÓS E CONTRAS DA REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS APPS

Durante uma entrevista para o jornal americano The New York Times, Melinda Gates, bacharel em ciência da computação e vice-presidente da organização filantrópica Bill e Melinda Gates, afirmou que uma das coisas que mais a incomodam nos avanços tecnológicos é a ideia de que os apps podem ser a solução para todos os problemas que acometem o mundo.

Se parássemos para refletir, hoje em dia existem aplicativos para tudo o que você busca. Desde conhecer pessoas para relacionamentos, como o Tinder, até para fazer meditação, como o Head Space. Inclusive para marcar consultas médicas, com o Boa Consulta.  E se você realmente for mais a fundo nessa análise pode perceber que até a forma como as pessoas se locomovem pela cidade e também às experiências gastronômicas mudaram.

Hoje é comum encontrar bicicletas e patinetes colaborativos estacionados pela cidade. Esses que só podem ser desbloqueados por aplicativos. Sem contar as ferramentas como o Ifood, o Groove, o Rappi e o Uber Eats. Esses permitem que os usuários peçam comidas de seus restaurantes favoritos com pagamento automático no próprio app.  

Na entrevista ao New York Times, Melinda afirmou: “Mesmo quando se trata dos problemas sobre os quais Bill e eu estamos acostumamos a falar, às vezes o mundo da tecnologia pensa que a solução é dar um aplicativo para cada pessoa. Bem, isto não vai mudar tudo”, disse ela. Acrescentando ainda que gostaria de ver mais inovações sendo criadas para resolver os grandes problemas sociais do mundo. “É muito comum ouvir as pessoas dizendo: ‘Vamos criar a próxima grande tecnologia que rastreia o meu cachorro’. Isso é divertido e legal, mas, poxa, as pessoas estão morrendo”, apontou.

Prós e contras da revolução dos aplicativos

A revolução dos apps é um fenômeno global. No mundo, os aplicativos de transporte e de entrega de comida deverão passar dos 130 bilhões de dólares em faturamento em 2023, segundo estimativa do site de estatísticas Statista.

Se por um lado, o mercado de aplicativos mudou a forma como trabalhamos, compramos e nos locomovemos, existem outras questões atrás desse crescimento. Uma das grandes perguntas em aberto é se estamos vivendo uma bolha de mercado, que quando saturada, vai estourar, deixando prestadores de serviços e consumidores na mão.

Só no Brasil, de acordo com dados do IBGE 2018, 45 milhões de pessoas já utilizam diferentes ferramentas para obter renda.  A lista inclui os 5,5 milhões cadastrados como prestadores de serviços em plataformas como Uber, 99 Taxi, iFood e Rappi. Além de pessoas que usam as redes sociais Facebook e Instagram ou o aplicativo de mensagens WhatsApp para a prestação de serviços.

O risco do mercado de aplicativos saturar futuramente existe e é mensurável. Por exemplo, existe no mundo mais de um trilhão de dólares aplicados em negócios de altíssimo risco, que têm em comum o fato de não gerar lucro.

Também tem a discussão crescente sobre as responsabilidades trabalhistas nos apps.

Desenvolvido em 2009, por exemplo, o Uber oferece serviços eletrônicos na área do transporte privado urbano. Isso por meio de um aplicativo de transporte que permite a busca por motoristas baseada na localização. Nesse caso os prestadores de serviços não são contratados pela empresa. O objetivo é gerar renda para pagar suas despesas imediatas, independentemente de quantas horas por dia tenham que trabalhar para isso.

Com essa situação, já que na maioria das vezes não se trata de um trabalho para ter renda extra, será que essas pessoas podem ser consideradas funcionárias da Uber? A empresa diz que não, mas governos ao redor do mundo tem tratado a situação com cautela.

No Reino Unido, por exemplo, decidiu que os motoristas da companhia compõe uma categoria intermediária entre empregado e autônomo. Já em Barcelona, a empresa cancelou as operações por considerar as regulações excessivas. E o Brasil também já se vê em meio a essa discussão.

O Ministério Público do Trabalho divulgou um estudo apontando a possibilidade de reconhecimento de vínculo entre trabalhadores e plataformas. Criando, assim, uma nova categoria para classificar esses profissionais que atendem aos aplicativos. O que será que vai ser decidido aí? É uma realidade nova, que colocará empresas, prestadores de serviços, consumidores e governos diante de questões novas e bem polêmicas.

Para um país com 13 milhões de desempregados e com uma economia que insiste em não decolar, uma coisa é certa: os aplicativos no Brasil fizeram sua parte. Mas isso, remediou a questão do desemprego atual. Falta inovação, e muita, para preparar as futuras gerações para as novas profissões e desafios do mercado de trabalho. Tecnologia também está aqui para este lado fundamental de nossa civilização, – EDUCAR. Criar meios para que as pessoas tenham profissões que as realizem, – de verdade!

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