Na semana passada concluímos que é possível tomar melhores decisões se mirarmos nas consequências. E para isso é preciso, sempre, pensar mais e praticar o uso da razão em nosso processo de decisão. Hoje, sobre este tema, gostaria de falar um pouco sobre Platão.
Refletindo sobre como tornar o homem melhor, e fazê-lo viver melhor, Platão traçou quatro preceitos fundamentais:
- Pense mais
- Deixe seu parceiro amoroso mudar você
- Desvende a mensagem da beleza
- Reformar a sociedade
Fiquei surpreso quando conheci estes quatro preceitos, sendo um deles o ato de PENSAR MAIS. Pensar mais é um excelente exercício para escolher e decidir melhor. Mas como podemos praticar isso?
Nosso corpo aprende, nossa alma decide
Há 400 anos A.C., dizia Platão que o ser humano é dividido em duas partes: corpo e alma. O corpo é composto pelos sentidos, que nos permitem a conhecer e aprender o mundo material. É cheio de erros, apresenta preconceitos, suposições, opiniões populares, ou seja, se apoia no que os outros acham ou experimentam.
Já a nossa alma, segundo Platão, é composta pela razão. Ela é nossa fonte de ideias e nos permite sermos nós mesmos e nos guiarmos pensando naquilo que somos! Nossa alma permite aprender no reino das ideias e dos nossos valores. Nossa alma nos ajuda a usar a razão antes de escolher e decidir, assim deixamos de agir por impulso e refletimos mais.
Como ativar a alma, pensar mais e exercitar o uso da razão?
Simples: conhecendo a si mesmo. Quero aqui convida-lo a se conhecer melhor, dando início ao exercício de ficar sozinho. Busque a solitude, ou seja, o isolamento voluntário, para ficar em paz consigo mesmo.
A reclusão deve acontecer semanalmente ou quando você mais precisar, como nos momentos de fazer escolhas e tomar decisões difíceis. É natural e muito importante. Mas reforço: não proponho a solidão e sim, a SOLITUDE! Neste estado, passamos a nos conhecer melhor, a refletir melhor com o uso da razão.
Para começar a exercitar a solitude fique em um lugar isolado, silencioso, sem interferências sonoras, em silêncio. Feche os olhos e pense na sua respiração… Só isso, por enquanto, é o suficiente para ativar a sua alma e pensar mais e melhor.
7 passos para exercitar e praticar o uso da razão
Pode parecer difícil ativar a alma, mas a prática frequente permitirá que você faça isso no futuro da maneira mais natural possível. Para te ajudar a iniciar este processo, sugiro o seguinte:
- Isole-se, de olhos fechados, em um local silencioso, durante 15 minutos.
- Respire fundo algumas vezes até se sentir confortável.
- Comece a pensar em alguma decisão difícil que esteja vivenciando. Quais são as escolhas? Quais são as consequências?
- Projete-se no futuro. Veja os protagonistas envolvidos nessa decisão, quais as consequências para eles em suas escolhas?
- Respire profundamente e imagine como você se sente em relação a todas as possíveis consequências. Você e os protagonistas se sentem bem ou mal?
- Faça uma escolha mental. Você conseguirá lidar com as consequências de sua decisão?
- Tome uma decisão concreta. Caso ainda esteja com dúvidas, ou não tenha conseguido se projetar e imaginar as consequências, refaça o exercício mais tarde, ou no dia seguinte, ou pelos próximos dias, até que tenha certeza de qual caminho seguir.
Este exercício é fundamental, pratique! Além dele existem outros elementos que desenvolvi para aprimorar o processo decisório, mas falaremos sobre eles no próximo post. Só adianto que, às vezes, não basta apenas mirar nas consequências, mas também no “movimento” das possíveis escolhas e da decisão que está para ser tomada.
Já reserve alguns minutos em sua agenda, exercite o uso da razão e depois compartilhe sua experiência aqui conosco. Espero você na próxima semana para aprofundar ainda mais sua experiência em tomada de decisões. Até lá!
as decisões devem ser racionais, mas a racionalidade deve levar em conta as emocoes, nao acha? Afinal, querer eh poder.
Caro Renato, bom dia e obrigado pela sua visita e contribuição.
Você tem toda razão. Querer, é poder. Contudo, segundo Platão, quando ele sugere que devemos fazer o uso da razão, ao invés das emoções, ele faz um alerta. Precisamos tomar cuidado com as armadilhas das emoções. Por exemplo: opiniões populares, suposições, sugestões e valorização do mundo externo em detrimento daquilo que acreditamos. Segundo Platão, “o querer é poder”, a que você se refere, está contido em nossa alma, que é composta pela razão, que permite que sejamos nós mesmos.