No último post destaquei que é importante praticar a solitude para planejar o seu novo ano e alcançar a autorealização, oferecendo dicas de como obter um bom planejamento pessoal. Mas o termo foi apenas citado e muitas pessoas começaram e me perguntar o que é solitude.
Pelas perguntas que me foram feitas a respeito desta palavra, “solitude”, (que até o corretor de texto deixa grifada por desconhecê-la) dei conta de que deveria esclarecê-la. Preciso falar sobre a prática tão importante que devemos exercitar em nossas vidas.
Mas antes de definir seu real significado, gostaria de compartilhar uma história pessoal…
Meu primeiro contato com a solitude
Quando menino, eu era muito agitado. Falava demais, sempre queria participar em qualquer atividade e acabava por não dar muito espaço para os outros colegas de classe. Sempre desejava estar com pessoas por perto e falando com elas, brincando, jogando e por aí vai. Nesta época, quando deveria ter meus nove a dez anos, tinha minha professora do ginásio, dona Iride de Bona. Hoje entendo quão sensível ela era.
Todos os começos de ano, ela dedicava uma frase para cada aluno da classe. Ela tinha o trabalho, ao longo das férias escolares, de pensar em cada um de seus alunos… Identificando uma frase que poderia orientá-los para seu desenvolvimento como indivíduos.
E mais: a cada dia do mês, cada um citava sua frase em voz alta, antes da aula, e se fazia um rápido debate para saber se estávamos melhorando no quesito apontado. Nunca me esqueço da frase que ela me presenteou em determinado ano e guardo seu enunciado até hoje:
“Ouça na maravilha da quietude, tudo o que o silêncio nos diz.”
Foi assim que comecei a notar a importância de dar valor e a respeitar o silêncio, a quietude e a solitude. Não que ser agitado fosse um problema. Mas estava claro que eu deveria começar a me conhecer melhor e a controlar minha ansiedade e agitação.
Mas afinal, o que é solitude?
Para ir direto ao ponto, vou começar citando a definição destacada na Wikipedia: “Solitude é o isolamento ou reclusão voluntários, quando o indivíduo busca estar em paz consigo mesmo.”
Solitude, portanto, é voluntária e significa que a pessoa está de bem com ela mesma e em tempo integral, além de conviver muito bem com outras pessoas. É um pleno contato consigo mesmo, não havendo qualquer necessidade desse indivíduo estar em companhia de outras pessoas para se sentir melhor ou pleno.
É bem diferente da solidão, que em sua essência é o estado emocional do indivíduo que deseja ardentemente uma companhia e não a tem. E aqui, começam a ocorrer os perigos das companhias, que achamos que temos e não as temos.
Numa festa, por exemplo, estamos ali convivendo bem, com amigos, cercados de inúmeras pessoas e atrações. Porém, podemos também estar nos sentindo muito sós, assustados com o momento de voltar para casa e não ver mais ninguém. Fica aquela situação na qual precisamos do outro para “viver bem”.
Solitude pode gerar medo!
Sim! A maioria das pessoas quando chega em casa faz o que? Buscam uma fuga deste medo! Começam a passar mensagens no celular, e-mail, telefonam, ligam a televisão. Isso pode ser um problema, porque estarão perdendo a oportunidade de estar consigo mesmas, na quietude de sua casa. Ou eventualmente na quietude da companhia dos pássaros, da natureza ao seu redor… E, do principal, na quietude da presença de si mesmo, o que na maioria das vezes, gera medo.
Mas medo de que? A resposta é: medo do desconhecido, de se conhecer de verdade! Mas saibam que é muito bom nos conhecermos melhor, nos comunicarmos com nós mesmos. Se não nos arriscarmos a fazer isso, nos sentiremos solitários ou dependentes dos outros, seja lá quem for nossos interlocutores – podem ser filhos, marido, esposa, pais, amigos e por aí vai.
O que quero dizer aqui é: não tenha medo da sua própria companhia. Não tenha medo de se conhecer profundamente. Você poderá descobrir coisas incríveis sobre você e começar, até mesmo, a melhorar a sua vida!
Quer uma ajuda para praticar sua solitude? Fique ligado aqui no blog e confira o post da próxima semana. Te espero lá!
Querido Urânio, amei o seu trabalho! Muito legal como você coloca e visualiza os assuntos.
Naturalmente percebo a influencia de nossa educação na Waldorf.
Me alegro por ter conhecido o seu Site! 🙂
Querida Cibele, muito obrigado pelo seu comentário e testemunho.
Ele me encoraja a seguir o caminho em apoiar as pessoas na melhora do
processo de suas escolhas e tomada de decisão.
Muito feliz pela sua participação.
Que belo texto Urânio, gostei muito!
Você tocou num ponto de suma importância dada a condição na qual vivemos: totalmente conectados com todos e com o mundo todo. Estamos sempre inundados com tanta informação que nem ao menos às filtramos e muito menos reservamos esse precioso tempo para nós mesmos. Se paramos um pouco, vem a sensação de que estamos “perdendo” algo….que horror…rsrsrs
Parabéns Urânio por nós alertar da importância da solitude.
Abraços
Exatamente Fábio! Essa sensação de perda cessa apenas quando estamos absolutamente de bem conosco.
Ótimo reforço ao post desta semana. Estes testemunhos enriquecem o que busquei transmitir.
Muito obrigado!
Muito lindo esse artigo! Muito obrigada por me ajudar.
Olá Lorrane, muito feliz pela sua mensagem.
Obrigado.
Muito feliz em ter podido ajuda-la com este post.
Me sinto presenteada com essa nova palavra na minha vida e vou pô-la em prática. Tenho muito esse sentimento de solidão, embora envolta por muitas pessoas, que não preenchem… Falo muito, sorrio muito e continuo me sentindo só. Me sinto estranha…que venha a Solitude. Obrigada!
Olá Yedja, muito feliz com sua mensagem. Obrigado!
Não se esqueça: fale e sorria para você também!
Olá Yedja! E eu, presenteado com sua mensagem. Muito obrigado.
Amei o texto. Espero ter oportunidade de praticar solitude. Tenho dificuldade de me concentrar no meio de muita gente, e onde moro quase nunca tenho oportunidade de ficar sozinha. Por acaso tem como praticar solitude em um lugar barulhento, e sem poder ficar fisicamente sozinha?
Me vi. Mas o praticante da solitude como é chamado?