Já é visível como as novas gerações estão mais preparadas para mudanças. Anos atrás era comum as pessoas dedicarem muitos anos de suas vidas para uma única empresa.
Ainda existem raros casos que nos causam estranheza, quando sabemos que alguém trabalha em alguma empresa por mais de 20 anos, por exemplo. Também, algumas culturas consideram isso como um valor a ser conquistado, como no Japão, por exemplo. Daí ser algo vergonhoso quando alguém naquele país é demitido, seja qual for a razão. Vivíamos no Brasil, uma época marcada pelo sonho do emprego para toda a vida. Mas, este cenário vem mudando há tempos e tem mostrado que os períodos de permanência dos colaboradores têm sido cada vez menores. E será que isso é bom ou ruim?
Podemos analisar por diversos pontos de vista, contudo, de maneira geral, existem pontos positivos e negativos por conta desta mudança que, ao meu ver, chegou para ficar. Uma pesquisa realizada pela consultoria americana Deloitte (citada em entrevista no portal Exame, em 2014) chegou à conclusão de que os jovens, ao longo da vida, passarão por oito a dez empregos diferentes. Isso significa uma permanência média entre quatro a cinco anos, no máximo, por emprego.
O que é um emprego para toda a vida?
Com certeza você deve conhecer alguém que trabalhou, ou trabalha, durante 20 ou 30 anos na mesma empresa. Há alguns anos, sucesso profissional, para a grande maioria, era desenvolver a carreira dentro de uma mesma empresa. Quanto mais tempo você ficasse no mesmo emprego, mais as pessoas acreditavam que você é comprometido e dedicado ao trabalho.
O tempo de casa era tão valioso que as empresas organizavam comemorações de jubileus para homenagear seus funcionários “mais antigos”.
Dependendo do porte da empresa, os homenageados até recebiam prêmios como placas, produtos ou até mesmo dinheiro. Dependendo da sua idade, talvez tenha participado de uma festa dessa.
Eu me lembro de ter participado de duas. Os homenageados, dependendo do tempo de casa, recebiam caneta de prata, relógio de ouro, jogos de copos de cristal etc. Tudo sempre com a gravação do nome do colaborador nas peças e o número de anos em que trabalhou na empresa. Costumava ser uma senhora festa! Agora, já percebeu como estas homenagens estão ficando cada vez mais raras?
Sucesso era se dedicar integralmente e quem tivesse mais tempo de trabalho em uma mesma empresa era mais reconhecido e valorizado, inclusive na hora de procurar um novo emprego. Como já citei, tempo de casa era sinônimo de comprometimento. Agora a definição de sucesso mudou e está mudando cada vez mais.
As novas gerações pensam diferente!
Para as novas gerações sucesso é trabalhar com o que gosta e conseguir equilibrar vida pessoal e profissional. Não significa não trabalhar duro, mas trabalhar com o que gosta, com o que se identifica e com flexibilidade de agenda e horários, em que se misture lazer e trabalho como se fossem um só. Pode estar aí a razão de o colaborador se dedicar à empresa com vontade, sentindo seu desenvolvimento e equilibrando seus interesses pessoais aos interesses da empresa.
Um dos maiores conflitos que pode acontecer é entre gestores, que ainda valorizam o tempo de empresa, e os novos trabalhadores, que estão preocupados com a evolução da carreira e sua motivação e farão tudo o que for necessário para seguir sempre em frente com esse objetivo.
Outro ponto negativo é as empresas estarem investindo cada vez menos na capacitação de seus colaboradores. Afinal, já que ficarão poucos anos, porque “gastar dinheiro” com eles? Esta é uma das piores decisões que as empresas podem estar tomando, afinal deixar de investir no desenvolvimento dos funcionários é o mesmo que não se preocupar com o desenvolvimento de carreiras. E esta pode ser uma das principais razões para as pessoas se desmotivarem e trocarem de emprego a todo momento.
É preciso entender que o comprometimento mudou de foco. Os mais jovens estão comprometidos com o próprio crescimento e sua evolução. E isso é ótimo!
Por isso, as empresas devem modernizar a mentalidade e começar a oferecer horários flexíveis, incentivar o diálogo entre líderes e colaboradores, até estimular encontros fora do ambiente de trabalho (se possível), manter regras mais flexíveis – baseadas muito mais em valores da empresa e seus objetivos (missão e visão) e incentivar o desenvolvimento individual de carreira. Esta não é uma fórmula mágica, mas tenha certeza que estes processos mais modernos contribuem, e muito, para reter talentos nas empresas.
Como lidar com isso tudo?
É fácil perceber o que há de negativo e positivo, independentemente dos exemplos que citei acima. O que vale mesmo é entender que estamos vivendo um período de mudanças e quem não se decidir por se adaptar enfrentará problemas.
É muito importante que as empresas considerem o ponto de vista do colaborador e percebam seus anseios e façam uma boa comunicação de seu propósito. Isso cria empatia colaborador-empresa e ambos convergem seus interesses, sem prejudicar a individualidade de cada colaborador. Empresas modernas têm feito isso.
A rotatividade de colaboradores é ruim, mas, hoje, isso é consequência da postura da empresa.
Confesso que fui meio radical no título deste texto, destacando o fim do emprego para toda a vida. Mas a realidade não precisa ser tão radical assim. Se empresas e colaboradores estiverem focados no mesmo objetivo, nos mesmos propósitos, e os benefícios forem mútuos, sem dúvida haverá muitos jubileus no futuro.
O que muda é que, daqui para a frente, as empresas precisam pensar cada vez mais na valorização, no bem-estar e no desenvolvimento de sua equipe. É bom para o crescimento da empresa, é bom para a satisfação dos colaboradores, é bom para todos!
Agora é a sua vez opinar. Gosto muito quando vocês, meus leitores, manifestam suas ideias! Fique à vontade para usar o espaço de comentários abaixo e me conte se concorda ou não com este novo cenário que apontei aqui. E te espero no próximo post!