Tenho falado muito aqui sobre a importância de se dar atenção ao processo decisório. E para reforçar esta ideia, vejam só que notícia bacana: em outubro de 2017, um estudo sobre o comportamento humano na tomada de decisões venceu o Prêmio Nobel de Economia.
O professor norte-americano Richard H. Thaler, acadêmico na escola de negócios da universidade de Chicago, realizou pesquisas importantes. Seus estudos apontam que traços da personalidade dos indivíduos afetam não só decisões pessoais, mas econômicas também.
E quais traços são estes? Os mesmos que já citei em posts anteriores… A racionalidade limitada, as preferências sociais e a falta de autocontrole, que muitas vezes dominam nossas mentes e nos impedem de tomar decisões mais sensatas.
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O que rendeu um Prêmio Nobel de Economia?
De maneira resumida, o comunicado do prêmio diz que “Richard H. Thaler incorporou hipóteses psicologicamente realistas na análise das tomadas de decisões”. Isso tudo comprova que as pessoas nem sempre são racionais em suas escolhas! Não usam a razão! Lembra-se de meu post em que falei de Platão?
Para demonstrar suas teorias, Thaler realizou alguns experimentos. Em um deles constatou que taxistas param de trabalhar quando atingem uma meta monetária que eles mesmos estabeleceram; ou seja, encerram o expediente nos dias de mais movimento. Isso é ruim? O que você faria: iria descansar mais cedo ou aproveitaria a demanda para aumentar seus lucros? É uma decisão pessoal, mas que afeta a realidade econômica.
E você só está avaliando a situação porque a reflexão foi sugerida. O cérebro humano está naturalmente programado para economizar energia, por isso sempre escolhemos as alternativas mais simples, sem considerar todas as possibilidades. Por conta disso, não conseguimos reconhecer todas as consequências e nem levar em conta os benefícios de longo prazo. Invariavelmente estamos em busca de resultado imediato e precisamos mudar esta realidade!
O que você faria?
Imagine que você foi a um supermercado e fez as compras do mês. Por curiosidade deu uma olhadinha na nota fiscal e percebeu que a cobrança no cartão está errada, com 10 reais a mais. Você volta ao supermercado para corrigir o erro ou deixa passar, já que o valor é baixo?
Na pressa pode ser que você desista do dinheiro, para não ter o trabalho de voltar até lá. Mas se fizer algumas contas e se sua renda for baixa, provavelmente você voltará e pedirá seu dinheiro de volta. Ou continuará desistindo, porque o gasto com a gasolina não compensará em nada.
E se pensarmos numa decisão empresarial estratégica, como abrir capital? Será que a família que detém o controle da empresa não estaria trocando dinheiro por, eventualmente, um legado construído à custa de uma cultura voltada ao pensamento inovador, que via de regra exige longo prazo para o retorno de seus projetos?
Mercado de ações não tem nenhuma afinidade com longo prazo; normalmente ou sempre, exigem retornos cada vez maiores e com visão de curto prazo. Será que os controladores não estariam trocando um sonho por dinheiro? Dinheiro para engordar suas contas pessoais (caso de uma oferta secundária), pensando apenas no dinheiro e esquecendo a essência da empresa?
O fato de migrar para o mercado de capitais, pode levar a família empresária para uma situação em que prevalecerá o retorno sobre o capital investido, custe o que custar. Podendo levar a direção da empresa a deixar de lado valores fundamentais que proporcionaram a sua posição de relevância.
Quanta coisa em jogo! Percebe como tantos caminhos podem surgir em situações das mais simples às mais complexas? E foram inúmeras possibilidades como estas inspiraram a pesquisa que ganhou o Prêmio Nobel de Economia.
Dê atenção às suas decisões econômicas!
Basicamente esta é a mensagem que quero transmitir neste post. Fico bastante animado com notícias como essa do Prêmio Nobel, pois ajudam a fortalecer tudo o que estou defendendo nos últimos tempos. Reflita sobre suas decisões, avalie suas escolhas, pense mais e sempre analise as possíveis consequências.
Se mudarmos nossas mentes e aprendermos a cuidar melhor do processo decisório, nossas vidas serão muito mais completas e ficaremos mais satisfeitos e felizes. E precisamos mudar o quanto antes, seja em decisões pessoais, profissionais ou econômicas! Precisamos mudar nossa mente para mudar o nosso entorno, mudar o meio em que vivemos para melhor.
Você já mudou a sua mente?