Apesar da fama do povo brasileiro de ser uma das culturas mais animadas – pesquisa mostra que não somos um povo feliz, segundo resultado divulgado pelo Grupo Consumoteca. E foi com esse desconforto e certa tristeza que me deparei com tal informação, porque vivemos ouvindo que o brasileiro é um povo guerreiro que não sabe o que é desistir, não importa a classe social ou as dificuldades. Nós brasileiros, sempre fomos considerados um povo alegre, um povo feliz.
Mas o que nos mostrou a pesquisa? Exatamente o contrário. O estudo revelou que nós estamos muito insatisfeitos com a vida: o nosso grau de insatisfação é de 58%! Estamos na frente nesse quesito da Argentina, da Colômbia e do México. O mapeamento foi feito nesses quatro países, com 1.000 entrevistas por país, num universo pesquisado entre as classes A, B e C, com faixa etária entre 18 e 60 anos. Ou seja, a amostra é bastante ampla e significativa. E o que mais a pesquisa nos mostrou e que leva a esse grau de insatisfação tão alto para um povo dito “feliz”?
8 em cada 10 brasileiros possuem algum projeto que não consegue tirar do papel
A meu ver, o fato de muitos brasileiros se sentirem com essa impotência, em não conseguirem tirar projetos do papel, dentre muitos fatores, está diretamente relacionado ao nível de incertezas em que vivemos em nosso país. A economia que ora anda e ora “fica de lado”, ou experimenta quedas significativas, como as que tivemos nos últimos cinco anos, em que “andamos de lado”; a falta de políticas de longo prazo, de incentivos para bons projetos; enfim, um conjunto de fatores acaba por desestimular aqueles que têm recursos escassos, mas boas ideias. É uma situação em que acesso a crédito e previsibilidade de médio e longo prazo são fatores fundamentais para o estímulo ao empreendedorismo. Também, merece destaque a alta burocracia brasileira, altos custos trabalhistas e tributários, que impedem ou frustram a iniciativa empreendedora.
57% sentem que precisarão reinventar a carreira nos próximos anos
Entendo que as pessoas enxerguem esta situação com preocupação, porém é possível tirar daí algo positivo, pois a tecnologia nos brindou com grandes facilidades e conquistas, ainda que deixando este desafio de que temos de nos superar sempre. Digo “sempre”, porque as mudanças podem ser inúmeras ao longo de nossas carreiras. As necessidades do mercado mudam com maior velocidade e precisamos estar atentos em oferecer a melhor solução para nossos clientes e para as empresas nas quais trabalhamos e dividimos nosso conhecimento. Sempre friso às pessoas, que, quando escolhemos uma profissão, estamos escolhendo SERVIR a alguém, procurando fazer algo de que gostamos ou aprender a gostar de fazer. São constantes experimentos.
35% sentem-se mais negativos ao acompanhar a vida alheia nas redes sociais
De fato, isso gera uma grande perda de energia. É o olhar para o outro quando deveríamos olhar para nós mesmos. Esta prática de ficar acompanhando a vida alheia nas mídias sociais gera comparação, que, além de muito diferentes, em sua maioria também passa uma falsa imagem do que as pessoas realmente são. Uma vez que tudo o que está exposto ali diz respeito aos outros e não a nós mesmos, acaba, muitas vezes, se tornando algo vazio e supérfluo.
41% sentem que não estão fazendo tudo que podem pela sua felicidade
Vejo neste resultado da pesquisa que ela traz um significado disfarçado do que representa a “falta de ação”. Escolher, decidir e agir: colocar a vida em movimento. Precisamos sempre estar em movimento. Dizer não à preguiça de começar algo novo, de aprender e de tirar projetos do papel de forma inovadora. Temos que tomar cuidado com aquela história da busca pela felicidade, afinal a felicidade pode e deve estar aqui e agora! Ela não está em algum lugar longínquo para ser buscada. Ela está para ser sentida todos os dias! Encarando a realidade e tomando o que há de bom em cada aspecto das adversidades, que podem, no mínimo, ser um grande aprendizado. Mas como fazer isso? Vamos continuar a analisar a pesquisa, antes de dar a resposta.
58% gostariam de melhorar a produtividade
Melhorar a produtividade está ligado ao foco e atenção ao que se está fazendo. É se entregar! Claro que, se as pessoas não enxergam propósito no que fazem, terão enormes chances de sofrer distrações de todo tipo e isso mina a produtividade, a eficácia de nossas ações, do nosso agir com dinamismo. E como buscar ser essa pessoa mais produtiva? A resposta está em outro resultado da pesquisa que fiquei muito contente em conhecer. Ela é a chave das perguntas que deixei aberta nos outros resultados.
75% dos entrevistados brasileiros estão em busca de autoconhecimento
O mais impressionante desta pesquisa, e que fiquei muito contente em saber, é que 75% dos entrevistados brasileiros estão buscando autoconhecimento. E essa é a base para as boas escolhas e decisões difíceis da vida. O conhecimento de nossos valores é de fundamental importância neste processo de identificação do que realmente é relevante para nós, consequentemente, para nosso propósito de vida e, é claro, isso afetará positivamente os outros. Autoconhecimento é nos perguntar uma série de questões, muito e nunca terminar esse processo. O que me faz feliz? Quais são meus pontos fortes e fracos? Ou os meus medos? Quais são meus propósitos e o que quero deixar neste mundo? Eu me saboto de alguma forma em função dos meus medos? E tantas outras perguntas…
Tendo essas respostas, você saberá do que gosta e passará a procurar fazer aquilo que aprecia, que ama e, com certeza, estará atingindo o maior número possível de pessoas de forma positiva.
Portanto, entendo que à medida que o brasileiro se conhecer e deixar de depender do que é externo, passará a ter mais poder sobre si mesmo, fará escolhas melhores e mais bem posicionadas com relação a seus valores, agindo de forma muito mais consciente! O brasileiro, assim, será mais FELIZ todos os dias!