As decisões que tomamos moldam a realidade à nossa volta

A pesquisadora Sheena Iyengar, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, revelou através de um estudo que, em média, tomamos 70 decisões relevantes por dia – desde as mais simples, como o que vamos comer no almoço, às mais complexas, como mudar de emprego ou de país. Há outras centenas, talvez até milhares, de decisões irrelevantes, como qual pé colocaremos primeiro para fora da cama ou se vamos tomar banho antes ou depois de tomar café. De qualquer forma, as decisões estão presentes no nosso dia a dia em níveis quase imperceptíveis. Tanto que, muitas vezes, por levarmos a vida no modo automático, a importância das escolhas conscientes acaba sendo negligenciada.

Nos primeiros anos de vida, nós não temos plena capacidade para decidir. Porém, mesmo na mais tenra idade, não aceitamos tão bem qualquer coisa que colocam à nossa frente. Observe que até as menores crianças já sabem distinguir do que gostam ou não de comer, de fazer, de brincar, de ver na televisão… Sabem o que pode causar dor, o que pode diverti-las ou entediá-las, satisfazê-las ou deixá-las com fome.

Conforme crescemos, nossas escolhas vão dizendo muito sobre quem somos. Quais valores temos, o que almejamos, o que ou quem priorizamos, que práticas adotamos. Sendo assim, para que vivamos com mais felicidade e bem-estar, as nossas escolhas não devem ser terceirizadas. Claro que nem sempre temos um poder claro de escolha. Mas o importante é que quando este poder estiver em nossas mãos, usemos ele da melhor maneira possível. Temos que reconhecer o impacto que as escolhas têm na construção da vida que queremos e assumir as rédeas.

Por meio de nossas escolhas, sejam elas simples ou complexas, conseguimos moldar o mundo em nosso entorno. Se comemos fast food mais barato ou uma refeição saudável mais cara; se preferimos um emprego que nos faz infelizes e paga bem ou outro que nos faz felizes mas é mal remunerado; se nos casamos com quem sempre desejamos mas mantemos um relacionamento frustrado ou continuamos solteiros, solitários, e talvez sem decepções. Cada decisão reconfigura a nossa vida, nos apresenta novas realidades e contextos, traz diferentes consequências e possibilidades, e nos ensina sobre as próximas decisões que precisaremos tomar.

Por isso é arriscado não tomarmos decisões de forma consciente, deixando o barco correr nas mãos dos outros, quando poderíamos estar investindo em uma vida mais apropriada para aquilo que realmente queremos ser. Quanto mais descobrimos quem somos – nossos gostos, valores, preferências, sonhos -, mais capazes nos tornamos de decidir por aquilo que nos trará satisfação e felicidade. Por meio de pequenas decisões, conseguimos desfrutar melhor da vida, extraindo de cada uma delas aquilo que nos faz pessoas mais realizadas. Assim, é fundamental que protejamos o nosso direito de decidir por nós mesmos, e usufruir desse direito o máximo que pudermos. Cada escolha tem seu valor, e não podemos desperdiçá-las, pois são elas que nos proporcionam viver a vida de forma plena e com significado.

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