A arte do aconselhamento profissional personalizado

*Uranio Bonoldi

A arte muitas vezes é um retrato do nosso cotidiano.

Por isso, não são raras as vezes em que nos identificamos com histórias e personagens. Sejam eles de livro, do teatro ou do cinema. Como gosto muito de filmes, entre uma cena e outra costumo fazer analogias do que aparece na tela com situações do dia a dia. É um exercício interessante de reflexão.

Recentemente, revi O Poderoso Chefão, grande clássico do cinema americano com direção primorosa de Francis Ford Coppola e protagonizado por Marlon Brando. Lançado em 1972, o filme se passa em 1945 e conta a saga dos Corleones. Uma família de imigrantes italianos que controla a máfia na cidade de Nova York. A disputa pelo poder entre famílias rivais é a temática principal da obra. Em meio a ela, o enredo esbanja cenas com verdadeiras lições de estratégia e de tomada de decisões.

É claro que Don Vito Corleone (Marlon Brando) e Michael Corleone (Al Pacino), pai e filho, são as estrelas do filme. Eles são responsáveis pelos principais momentos marcantes da trama. Porém, para mim, um personagem pouco lembrado tem especial valor: Tom Hagen. Interpretado por Robert Duvall, ele é o advogado da família que exerce a função de consigliere, uma posição de extrema relevância na máfia.

Basicamente, sua função é a de aconselhar os integrantes da família sobre todas as situações que coloquem em risco o negócio.

Apenas para deixar claro, nesta ficção, a escolha da família Corleone de entrar no submundo do crime, não deve ser enaltecida. É óbvio! Esta decisão se baseia única e exclusivamente em poder, dinheiro, ganância. Enfim, nenhum comportamento ético é observado na forma com que operavam seus negócios. Sem medir consequências, o comportamento dos integrantes da família se mostrava como sendo do reino animal e dos mais primitivos que poderíamos conhecer. Porém, dado o contexto, Tom Hagen, aquele que foi eleito para aconselhar a família, devia fazê-lo de forma diligente. Daí, podemos tirar lições interessantes.

 

No filme, uma das frases mais marcantes que ele sempre reforça em uma situação de dificuldade é: “Não é pessoal. São apenas negócios”.

Assim sento, ao pararmos para refletir, a mensagem diz que uma decisão precisa ser tomada com o mínimo de emoção possível. E, acompanhando as cenas, percebemos que quando a razão não é devidamente ouvida o desfecho não é, digamos, o esperado.

Por isso considero a tomada de decisão uma arte. E é nesse sentido que em minhas orientações de aconselhamento profissional a CEOs, executivos e empresários, coloco em prática uma metodologia especial que desenvolvi com o objetivo de aprimorar o processo de escolha de lideranças. Trata-se de uma estratégia para tornar as decisões mais assertivas, conscientes, mais bem posicionadas, levando-se em conta o contexto. Mas por que isso é importante?

Vivemos em um período de muito imediatismo, distrações e ruídos. Esse é o reflexo na nossa geração. Diante desse cenário, acredito que é preciso entender que, cada vez mais, o processo de decisão ocorre de modo automático e grande parte das vezes num clima pautado pela emoção. E isso não pode acontecer. Todos os envolvidos na evolução do negócio precisam estar preparados, sem deixar de lado seus valores, para buscar a melhor decisão possível, reduzindo ao máximo os riscos de se fazer uma má escolha.

É, sem dúvida, um desafio.

Isso porque estar diante de duas ou mais situações que exigem uma decisão requer pensamento estratégico, racionalidade e pouca dose de emoção. Diagnosticar o problema e agir corretamente são capacidades que precisam ser treinadas. De preferência, se pudermos nos ferramentar para termos maior apoio neste processo, tanto melhor. Não nascemos consigliere, mas podemos nos tornar.

*Uranio Bonoldi consultor, palestrante e oferece coaching personalizado para empresários e executivos. www.uraniobonoldi.com.br

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